É comum esquecermos que há pouco mais de três décadas, quase ninguém possuía um celular ou um fax. A internet, no Brasil, iniciou sua trajetória ao fim da década de 1990, ou seja, até então, ‘www’ e ‘e-mail’ eram expressões de grupos exclusivíssimos, além de pioneiros.

Os tempos mudaram muito rapidamente. Computadores que ocupavam uma sala inteira foram transformados em pequenos tabletes, por todo o mundo é possível a comunicação pessoal com digitação em um smartphone, cirurgiões estão operando pacientes a milhares de quilômetros, através da robotização, entre outras maravilhas modernas.

Nesta linha de raciocínio, vemos que o trabalho também não é mais o mesmo. Sistemas de informatização e compartilhamento de ideias e decisões dão um tom futurista ao universo físico das empresas e corporações. Pelo bem, ou para o mal, sistemas automatizados agora fazem parte visceral de nossos ambientes de trabalho. As ‘supervias’ de informação estreitam o relacionamento em todo o planeta. E essa cultura digital se sobrepõe à cultura educacional ainda analógica. Aliás, no mercado de trabalho, ainda somos todos ‘seres analógicos’. Excluindo uma pequena faixa de ‘nerds’ encapsulados nas startups ultramodernas, todos nós, profissionais com mais de 30 anos, fomos formados em escolas tradicionais, com livros, apostilas, cadernos e canetas que teimam tingir nossos bolsos.

Esse choque de culturas traz deformidades – nas relações sociais, entre profissionais mais e menos atualizados, nas relações comerciais, entre empresas em níveis diferentes de informatização, e até nas macroesferas econômicas. Não se trata apenas de uma ‘corrida à modernidade’, mas da necessidade premente de uma reflexão a respeito da velocidade das mudanças com as quais teremos de conviver proximamente.

Todos temos um avô ou avó que evita os controles da televisão ou do ‘blu-ray.’ Em muito breve, seremos nós esses a evitarmos as novas tecnologias, se uma cultura adaptativa não estiver adequadamente desenhada e ativada em nossa sociedade.