Os grandes ‘players’ do universo digital continuam a se debruçar em um desafio mundial, ainda longe de ser superado: o da segurança. Ainda hoje, fraudes online e roubos de dados e senhas, ou seja, de identidades, são custosos e decepcionantes.

Recentemente, grupos de estratégia digital ligados ao governo americano criaram uma ação conjunta, um estudo único, cujo objetivo é extinguir os códigos de senhas e modelos criptográficos. Trata-se da NSTIC, sigla para Estratégia Nacional para Identidades Confiáveis no Ciberespaço. O novo modelo, obviamente, tem menos a ver com segurança e mais com resultados econômicos.

De uma forma simplista, veja como isso funcionará. Você se cadastrará em uma única conta universal, que passará a representá-lo por toda a internet. Algo como as grandes empresas estão fazendo, ao unificar seus cadastros ao do Facebook. É a onda de um único perfil de acesso, ao qual estão ligados Netflix, Tinder, alguns portais de mídia, websites de jogos, entre outros. No modelo de contas vinculadas, também cito o Google e a Apple, além das gigantes chinesas que estão se mobilizando na mesma direção.

Neste novo modelo, tudo fica concentrado na nuvem, facilitando bastante a vida do internauta, que não precisa mais decorar uma variedade de senhas e logins. Contudo, qualquer agente mal-intencionado terá acesso à vida de uma pessoa.

De forma geral, 80% de todo o tráfego de e-mails na internet é SPAM. E mais da metade deles gerada por tentativas de fraude. China, Rússia e Brasil são os recordistas mundiais em ambientes de fraude online. No país, a Febraban, Federação Brasileira de Bancos, estima em cerca R$ 400 milhões as perdas anuais diretas envolvendo fraudes eletrônicas do setor.

Um outro aspecto desse modelo centralizador é seu bastidor. Ou seja, o que está por trás dessa centralização de dados. As grandes empresas até lhe informam em seus ‘termos de uso’, de forma suave, que compartilham todos os seus dados e comportamentos de navegação, até informações específicas, de forma livre. Assim, aqueles aplicativos de corrida ou de malhação que registram sua condição física ou seu desempenho, acabam informando aos parceiros digitais seu estado de saúde, que pode ir parar nas avaliações de seguradoras e afins.

De outra forma, você, em nome de um certo conforto ou segurança, perderá totalmente sua privacidade e liberdade na próxima onda da internet.

Informação é poder. Extrapole esse significado e anteveja que também é possível saber qual corrente ideológica lhe é mais simpática, o que você pensa objetivamente sobre política ou religião, direitos civís, produtos de consumo, modismos, etc. Você não se incomoda com isso? É um fanático por postagens em seu Twitter ou Facebbok? Tem milhares de seguidores ou amigos virtuais? Ok. Mas um dia, talvez tarde demais, poderá perceber que está na mira do governo, por exemplo. E ter seu crédito ou direitos subtraídos sem que você perceba, somente por cota de seu comportamento no universo digital.

O futuro está mais próximo que você imagina. Representantes da comunidade do software livre querem estabelecer um padrão aberto e único para a autenticação do usuário. Um padrão da própria internet, ou seja, sem donos ou controladores. Dessa forma, todos os websites poderiam saber quem você é. Na corrida por este padrão, lógico, também entram as grandes corporações. Ao final, quem inovar sairá na frente.